Síntese das revisões sobre “Programas de Treinamento em Soft Skills” e apontamento de lacunas de pesquisa

Conforme Nida’a K. Abujbara e Jody A. Worley (2018), os programas de treinamento em soft skills são cada vez mais reconhecidos como essenciais para o desenvolvimento profissional e a melhoria do desempenho no local de trabalho. Esses programas visam desenvolver habilidades interpessoais de comunicação, liderança e outras competências não técnicas cruciais para o sucesso em diversas carreiras.

Nessa mesma direção, Mônica dos Santos de Oliveira (2020) descreve que os programas de treinamento em soft skills referem-se a iniciativas educacionais focadas no desenvolvimento de habilidades interpessoais e comportamentais, tais como comunicação eficaz, liderança, resolução de conflitos, adaptabilidade e inteligência emocional. Segundo a autora, essas competências são essenciais para uma interação eficiente no ambiente de trabalho e para a promoção de um clima organizacional positivo.

Os estudos avaliados indicam que a relevância dos programas de treinamento em soft skills no mercado de trabalho contemporâneo é amplamente reconhecida. Em um ambiente profissional cada vez mais dinâmico e competitivo, essas habilidades são tão cruciais quanto às competências técnicas (Abujbara; Worley, 2018).

Elas facilitam a adaptação às mudanças, melhoram a colaboração entre equipes e orientações para a resolução eficaz de problemas (Oliveira, 2020). Conforme destacado, investir no desenvolvimento de soft skills pode abrir portas para oportunidades de carreira e contribuir significativamente para o sucesso profissional.

Esse autores, ao examinarem os resultados de variados programas de treinamento em soft skills, comentam sobre a eficácia deles. Indica-se que programas de treinamento em habilidades sociais são eficazes em promover mudanças comportamentais significativas nos participantes, independentemente do método de entrega (presencial ou online). Além disso, a aquisição de soft skills tem um impacto duradouro no desempenho dos funcionários (Oliveria, 2020).

Ademais, evidencia-se que os treinamentos em soft skills podem levar a ganhos significativos de produtividade, especialmente quando os trabalhadores treinados colaboram em operações conjuntas, melhorando o trabalho em equipe e a colaboração (Abujbara; Worley, 2018). No setor de tecnologia da informação, a deficiência em soft skills pode diminuir o desempenho organizacional, mas treinamentos eficazes aumentam a produtividade e a satisfação dos clientes e colegas (Oliveria, 2020).

Através da literatura é possível observar que, embora haja reconhecimento da importância dos programas de treinamento em competências transversais, persistem lacunas significativas relacionadas à definição conceitual, metodologias de ensino, avaliação de eficácia e integração curricular. Nesse sentido, ressalta-se a importância de abordar essas questões para aprimorar a formação profissional e atender às demandas do mercado de trabalho atual.

Algumas lacunas e desafios são também trazidos de modo mais particularizado por Abujbara e Worley (2018) e Oliveira (2020). Esses pesquisadores concluíram que a construção de uma atitude empreendedora alinhada ao desenvolvimento de soft skills é crucial para fomentar a intenção empreendedora em jovens estudantes.

Além disso, suas revisões sistemáticas da literatura sobre treinamento em habilidades sociais com universitários revelou a necessidade de metodologias mais robustas e diversificadas na aplicação de programas de treinamento em habilidades sociais. Afirma-se também a carência de estudos longitudinais que avaliem o impacto de longo prazo desses treinamentos no desenvolvimento pessoal e profissional dos estudantes.

Nesse caminho, outra lacuna identificada refere-se à integração de soft skills nos currículos acadêmicos, especialmente em cursos de graduação em computação. Embora o conhecimento técnico seja fundamental, as habilidades não técnicas, como comunicação e trabalho em equipe, são igualmente essenciais.

No entanto, não há consenso na literatura sobre as melhores práticas para desenvolver essas competências no ambiente universitário. Abujbara e Worley (2018) e Oliveira (2020) apontam para a escassez de pesquisas que exploram a eficácia de diferentes abordagens pedagógicas no ensino de habilidades sociais, bem como a falta de instrumentos padronizados para medir o desenvolvimento dessas habilidades. A ausência de notas claras dificulta a avaliação comparativa entre diferentes programas de treinamento e limita a generalização dos resultados.

Por fim, em contextos educacionais, a integração de habilidades sociais nos currículos é essencial, mas enfrenta desafios como a falta de confiança dos alunos em suas habilidades e a necessidade de métodos de ensino mais interativos. Apesar dos benefícios, há o reconhecimento de que muitos programas enfrentam desafios como materiais pouco interessantes, tempo insuficiente e custos elevados.

Referências

DE OLIVEIRA, Mônica dos Santos et al. Programa de habilidades sociais e suas implicações para qualidade de vida na adolescência: revisão de literatura. Research, Society and Development, v. 9, n. 9, p. 1-15, 2020. DOI https://doi.org/10.33448/rsd-v9i9.8148. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/8148/7249. Acesso em 16 jan. 2025.

ABUJBARA, Nida’a K.; WORLEY, Jody A. Leading toward new horizons with soft skills. On the Horizon, v. 26, n. 3, p. 247-259, 2018. DOI http://dx.doi.org/10.1108/OTH-10-2017-0085. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/328778636_Leading_toward_new_horizons_with_soft_skills. Acesso em 16 jan. 2025.